sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Como replanejar a vida e o orçamento diante de um diagnóstico de câncer



Professor da Unopar que viveu essa experiência dá depoimento com dicas práticas para doentes e seus familiares em instituição de Arapongas

     O diagnóstico de um câncer traz à tona um misto de medo, incerteza e preocupação, não só para o doente mas também para a sua família. Certamente a maior ansiedade é com a vida e saúde do paciente mas também surgem questões de ordem prática que precisam de atenção. Muita gente desconhece que doentes de câncer têm alguns direitos especiais garantidos por lei para facilitar a recuperação e melhorar sua qualidade de vida. O professor Cassio Tsay, do curso de Administração da Unopar, passou por uma experiência assim em 2008, quando descobriu que tinha um câncer no intestino. O que ele aprendeu, na prática, agora compartilha com outros pacientes e famílias. 
        No último sábado do mês de setembro, no Dia da Responsabilidade Social, Cássio e um grupo de professores da Unopar estiveram na Casa de Apoio Madre Tereza, uma instituição que atende pacientes em tratamento de câncer em Arapongas. Além de levar fraldas geriátricas arrecadadas pelos alunos e professores, o professor deu um depoimento mostrando como administrar e replanejar a vida depois de um diagnóstico como o dele.
    “O curso de Administração ensina: a planejar, organizar, controlar e coordenar  em vários contextos. Podemos aplicar esses conceitos ao contexto de uma pessoa doente”, resumiu Cássio.
       Para isso, ele usou a experiência pessoal. Assim que teve o diagnóstico confirmado, o professor passou por uma cirurgia onde teve removido 40 cm do intestino. Depois disso foram mais 6 meses de quimioterapia. A primeira lição que o professor ensina é conhecer bem os detalhes do seu plano de saúde. “Ninguém pensa em passar por uma situação dessas. A gente perde o chão. Precisei ficar doente para descobrir que meu plano de saúde cobria a cirurgia mas não a quimioterapia, que fiz pelo SUS”, conta.
         O professor também sacou o seu Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), um direito de toda pessoa portador de câncer. “Numa hora dessas o dinheiro pode ser de muita serventia mas eu aconselho a planejar antes como o dinheiro vai ser utilizado para que ele não seja gasto em coisas de menor importância. A prioridade deve ser o tratamento de saúde e a qualidade de vida do doente”, pondera. Se a quantia for grande, parte dela deve ser aplicada: “Antes de fazer qualquer aplicação financeira é bom consultar vários bancos e avaliar bem as taxas. Se a pessoa tiver dívidas a melhor coisa é quitá-las primeiro. Ninguém deve passar pela experiência de um tratamento de câncer tendo que se preocupar com dívidas e contas atrasadas”, afirma.
       Outro benefício garantido para pacientes com câncer é isenção do Imposto de Renda durante o período de tratamento. “No caso de pacientes que ficam com seqüelas, eles têm o direito de comprar veículos novos com isenção de IPI e ICMS. Dá uma grande diferença no preço”, explica Cássio.
      Outro direito dos doentes é ganhar prioridade em processo (cível, criminal ou trabalhista) tramitando na justiça.
Cássio ensina que dependendo da gravidade da situação é preciso replanejar o orçamento e tomar medidas mais drásticas, como fazer um testamento. “A doença traz gastos inesperados com tratamentos, médicos e remédios. Às vezes, por não ser possível retornar ao trabalho, a receita do doente também sofre alteração. É preciso recalcular gastos, cortar custos e reequilibrar o orçamento”, indica.
       A saída do mercado de trabalho também pode ser planejada. “Se a pessoa puder ela deve exercer outras atividades que o organismo permita, evitando ficar parado e focado só na doença”, diz Cássio. Ele trabalhou durante todo o tratamento de quimioterapia. “No dia seguinte depois de cada sessão eu estava derrubado mas o fato de ter que dar aulas me obrigava a levantar e tirar minha mente da dor. Se você fica só pensando na doença a recuperação se torna mais difícil”, argumenta.
      O professor garante que a tranqüilidade é um dos ingredientes principais para vencer a doença: “Quando recebi o diagnóstico a cirurgia foi marcada imediatamente. De repente meu horizonte de planejamento se resumia a uma semana. Eu ia ser operado e não sabia se sairia vivo do hospital. O fato de saber que minha família tinha como sobreviver, que eu não estava deixando dívidas e que minha vida profissional e financeira estavam em ordem me trouxe muita paz nessa hora”. 
     Participaram da visita à Casa de Apoio Madre Tereza os professores Vandir Fernandes, Rita Gardin e Irene Salvi.
     A instituição funciona desde 2004 e atende atualmente cerca de 600 pacientes de câncer e suas famílias, de Arapongas e outras 34 cidades da região.

Assessoria Unopar

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